Um cabrito pascal pouco canónico
De novo a preguiça me atacou, quando me vi a ter de assar cabrito, e parece que o resultado final tem beneficiado com a doença. Desta vez, nem ervas aromáticas usei. Ainda pensei em ir ao jardim buscar um pouco de rosmaninho. Agora julgo que não fui por não o querer usar. Portanto levou apenas sal, pimenta preta do moinho e azeite do mais que extra virgem de Foz Côa, que uso sempre. Massajei os pedaços de cabrito uma vez e estiveram assim cerca de duas horas. Depois foram para o forno, que já estava a 220ºC. Dourados de um lado, depois de ter posto molho em cima uma vez (gordura do cabrito+azeite), virei-os do outro, e douraram também. Fiz uma redução de vinho do Porto (D. Antónia), que deixei espessa e, já com o cabrito assado, pincelei os bocados com a redução, que ficaram com uma bonita cor brilhante.
Entretanto, tinha-se assado à parte meia dúzia de pequenas batatas. Tinha também cozido grelos, que depois cortei grosseiramente. Antes de empratar, aqueci-os em azeite. Cortei um rectângulo de uma fatia de bolo de azeite, que não é doce, cortei umas lâminas finas do fígado do cabrito que também assara com a carne. Deglacei os restos que ficaram agarrados à assadeira, e obtive assim o molho, que aqueci e coei por um passador fino. Pus-me então a montar o prato como se vê na imagem de topo.
Primeiro a fatia de bolo de azeite, por cima um pouco de molho do assado, sobre a fatia um monte de grelos, sobre estes, de lado, tranches de carne de cabrito. Dispus duas batatinhas e três fatias finas de fígado do cabrito, que cobri com molho do assado. E pronto. Estava feito um cabrito pascal pouco canónico. A redução de porto vai melhor ainda que o mel, e a carne ganhou em ter apenas este sabor exclusivo. O bolo de azeite, com o molho do assado e dos grelos, fez uma ligação divina com estes, e estes, com a carne, que por sua vez sobressaiu ainda mais com a delicadeza conhecida do fígado assado de cabrito. As batatas, essas não acrescentaram nada, logo estiveram a mais. Para próxima, substituo-as por um dois tomates-cereja abertos, apenas para dar cor ao conjunto. Foi o melhor modo de assar cabrito de quantos usei até hoje.
Etiquetas: Criações - Carne
2 Comments:
Devia estar divinal...
Há dias que não passava por cá!
Estava de facto muitíssimo bom, Paula. Este assado tão simples realçou bem a carne excelente, e a redução de porto ainda a fez sobressair mais. A ligação dos grelos com o bolo de azeite (comprado mas bom) pode imaginar como ficou se lhe disser que me soube a migas de broa, mas muito mais delicadas (pela ausência de alho e pela diferença do pão. Fosse outra pessoa com jeito que tivesse feito este cabrito, sempre me haveria de surpreender à mesma.
E parece que o assado ainda estava à sua espera ;)
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