Rodovalho grelhado com ovas de pescada e molho de Orio
Orio é uma povoação de Guiposcoa, com um pequeno porto de pesca, entre Zaraus e S.Sebastian, onde são reis o besugo e o rodovalho. Foi aí, no Bodegón José Mari, que saboreei pela primeira vez, e depois com alguma continuidade, o rodovalho na brasa e também o besugo, temperados com um molho tão simples quanto excelente, que aqui baptizo com o nome da pequena povoação basca. No entanto, é um molho, comum não só a Euskadi como, por adopção, a toda Espanha, com uma ou outra variação sempre em lá menor, como costumo dizer quando se mudam para pior as coisas que estavam bem.
O rodovalho é dos peixes de mar de que mais gosto, pela firmeza e sabor delicado da sua carne muito branca. Tive a sorte de encarar com uns quatro ou cinco num hiper, coisa bem rara neste país com coisas absurdas a mais. Estou a lembrar-me, que tendo nós tanto mar e tendo vivido tanto dele, se haja acabado praticamente com barcos e pescadores.
Enfim, umas horas antes do almoço, temperei o peixe de sal. Cozi, entretanto, em água com sal e salsa, meia dúzia de ovas de pescada, que escolhi entre as mais pequenas. Cozi também umas quantas batatas miúdas e deixei-as estar na água para não arrefecerem. Já enxugara cuidadosamente ambos os lados do rodovalho de toda a humidade e pincelara-o com azeite, sem deixar um mm2 de pele por cobrir. Aquecera a chapa de grelhar em lume médio, passando-lhe em toda a superfície um papel de cozinha embebido em azeite, e pus o peixão a grelhar mais ou menos 12 minutos de cada lado. Quando um dos lados ficou grelhado – ó trabalho dos trabalhos! –, virei o peixe com a ajuda de uma espátula e da mão livre. Nem me lembrei de tirar a foto da praxe.
Tinha já aquecido azeite com alho laminado e alourei nele as ovas. Porque não as fritei logo, perguntará alguém. Porque as ovas, já de si tão calóricas, embebem-se menos de azeite quando previamente cozidas.
Finalmente o molho: azeite mais que o julgado necessário, cinco ou seis dentes de alho laminados que levei, com o azeite, a alourar. Desliguei o bico e, com cuidado, acrescentei o sumo de um bom limão. Estava feito o molho de que tanto gosto e tudo pronto para montar os pratos, depois de ter aberto ao meio alguns tomates-cereja, que temperei com flor de sal. Cortei uns ramos de endro apenas para dar cor, alheio aos sabores escolhidos.
Fiz então os pratos como se vê na primeira imagem.
Resultado: o peixe estava no ponto exacto de cocção e parecia ter sido roubado ao mar há uma hora. As ovas alouradas ligavam muito bem com o rodovalho. O Quinta do Cardo branco de 2005 que bebi, fresco na acidez e na temperatura de serviço, com notas de lima e de limão, elegante e macio, com 12,5º, casava em funda harmonia com este prato já de si tão equilibrado. Foi então que veio a sobremesa da entrada abaixo, tão ou mais digna de finalizar um almoço destes. Só faltou foi um Romeo y Julieta, mas, à terceira tentativa, deixei o tabaco de vez. Das coisas de fumar, é já a única que me traz saudades.
O rodovalho é dos peixes de mar de que mais gosto, pela firmeza e sabor delicado da sua carne muito branca. Tive a sorte de encarar com uns quatro ou cinco num hiper, coisa bem rara neste país com coisas absurdas a mais. Estou a lembrar-me, que tendo nós tanto mar e tendo vivido tanto dele, se haja acabado praticamente com barcos e pescadores.
Enfim, umas horas antes do almoço, temperei o peixe de sal. Cozi, entretanto, em água com sal e salsa, meia dúzia de ovas de pescada, que escolhi entre as mais pequenas. Cozi também umas quantas batatas miúdas e deixei-as estar na água para não arrefecerem. Já enxugara cuidadosamente ambos os lados do rodovalho de toda a humidade e pincelara-o com azeite, sem deixar um mm2 de pele por cobrir. Aquecera a chapa de grelhar em lume médio, passando-lhe em toda a superfície um papel de cozinha embebido em azeite, e pus o peixão a grelhar mais ou menos 12 minutos de cada lado. Quando um dos lados ficou grelhado – ó trabalho dos trabalhos! –, virei o peixe com a ajuda de uma espátula e da mão livre. Nem me lembrei de tirar a foto da praxe.
Tinha já aquecido azeite com alho laminado e alourei nele as ovas. Porque não as fritei logo, perguntará alguém. Porque as ovas, já de si tão calóricas, embebem-se menos de azeite quando previamente cozidas.
Finalmente o molho: azeite mais que o julgado necessário, cinco ou seis dentes de alho laminados que levei, com o azeite, a alourar. Desliguei o bico e, com cuidado, acrescentei o sumo de um bom limão. Estava feito o molho de que tanto gosto e tudo pronto para montar os pratos, depois de ter aberto ao meio alguns tomates-cereja, que temperei com flor de sal. Cortei uns ramos de endro apenas para dar cor, alheio aos sabores escolhidos.
Fiz então os pratos como se vê na primeira imagem.
Resultado: o peixe estava no ponto exacto de cocção e parecia ter sido roubado ao mar há uma hora. As ovas alouradas ligavam muito bem com o rodovalho. O Quinta do Cardo branco de 2005 que bebi, fresco na acidez e na temperatura de serviço, com notas de lima e de limão, elegante e macio, com 12,5º, casava em funda harmonia com este prato já de si tão equilibrado. Foi então que veio a sobremesa da entrada abaixo, tão ou mais digna de finalizar um almoço destes. Só faltou foi um Romeo y Julieta, mas, à terceira tentativa, deixei o tabaco de vez. Das coisas de fumar, é já a única que me traz saudades.
Etiquetas: Criações - peixe
6 Comments:
Também eu deixei o vício do tabaco há um bom par de anos, Após várias tentativas frustradas. Ainda bem, porque, só com ausencia destes fumos se pode apreciar em pleno os sabores mais subtis dos alimentos. E este peixe devia de estar óptimo.O "Quinta do cardo" é um bom produto da sua zona e que acompanha perfeitamente esse prato.
Adoro passar por aqui e ver as novidades! Sempre encontro receitas deliciosas, bem preparadas, sugestões excelentes de acompanhamentos como este vinho branco Quinta do Cardo... será que encontro por aqui (Brasil)?
Sim, Mestre, o tabaco tira o olfacto e também estraga muitas refeições em restaurantes. Felizmente que fumar em restaurantes vai ficar controlado por lei.
O Quinta do Carmo, de Figueira de Castelo Rodrigo, é um bom branco, de resto como o da cooperativa (coisa rara em cooperativas). Espanta-me é como ali na raia há um vinho branco com tanta personalidade.
A Taste of Heaven, vamos todos passeando um pouco pela blogosfera. O seu blogue tem coisas bem boas, é uma redundância dizê-lo.
Duvido que este vinho, de tiragem limitada e pouco conhecido (creio), tenha viajado para a outra margem do mar que nos separa.
Uma bela ideia, Elvira! Já lá está o Avental. Obrigado.
Errata, na resposta a mestre Kuka: Não é Quinta do Carmo, um belo tinto do Alentejo, mas Quinta do Cardo, um não menos belo branco da raia beirã.
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