Uma atribulada compota de marmelo com passas, pinhões e vinho do Porto
Bem complicada foi a confecção desta compota. Durou, pelo meu método, 10 dias. Escrevi que faziam mal o doce aqui em casa, que os pedaços de marmelo ficavam como sola, e afinal comigo passou-se o mesmo. Pela boca morre o peixe. Duas vezes, nos dias finais, com a calda mais concentrada, os pedaços de marmelo ficaram quase tão duros como os do doce que faziam, apesar de os ter cortado bem maiores, um marmelo em quatro ou seis gomos, conforme o tamanho: diziam que era daí o defeito, mas está visto que não era. De onde então? Dos marmelos? Os marmelos eram amarelinhos e maduros. Não faço ideia.
Em suma, os pedaços de marmelo estavam tão duros que tive de cozê-los numa calda fraca retirada da original, adicionada de água (calda com ponto de fervura a 101ºC ao nível do mar, 99 ºC aqui), com que ficaram macios, e depois vim a repetir a mesma operação em calda semelhante, antes da última ida do tacho ao lume, por terem tornado a endurecer.
O pedaço que se vê no prato como sobremesa estava correcto, tal com em toda a compota, já dada como pronta. De modo que quem quiser seguir a minha receita tem de contar com estes percalços, cuja emenda, de resto, só me enervou a mim. Nunca tinha feito compota ou doce de marmelo, compota e doce neste caso são o mesmo, mas gosto tanto de desafios quanto me aborrece não os vencer. Foi isso que evitou eu ter deitado tudo para o lixo e pensado em soluções para correcção de um imprevisto que ficou bem resolvido.
O que entrou na compota:
2,450 kg de marmelo descascado e sem caroço, aos gomos, como se referiu.
2 kg de açúcar branco.
1,5 L de água.
150 g de sultanas pretas de bom tamanho (ou uvas passas).
100 g de pinhões, que tostei no forno.
1,5 dl de vinho do Porto de 10 anos
Como disse, segui o método que criei para as outras compotas, com o que consegui uma calda acídula e aromática. Medi a temperatura de cocção, que andou sempre pelos 80 – 85ºC.
A ideia de juntar vinho do Porto, embora conheça doces de fruta semi-industriais que o levam, foi de uma marmelada que no Cinco Quartos de Laranja se indica. A calda, medida à parte, estava a 107,7 º C ao nível do mar, portanto em ponto de pérola, e baixei-a no final, a frio, com o vinho do Porto.
Comprei e lavei frascos próprios para conserva, de 250 ml e, ainda a frio, fui-os enchendo de pedaços de marmelo, procurando dispor bem os pinhões tostados e as sultanas pretas, e acabei de encher os frascos com calda até 0,5 cm do bordo. Fechei-os e pu-los num tacho, bem cobertos de água para esterilizar a compota, e ferveram uns 45 minutos, arrefecendo na própria água, seguindo assim as indicações do fabricante. Agora só vou abri-los daqui a dois meses, conforme aconselhavam no prospecto dos frascos.
E a propósito de esterilização, na próxima quinta-feira, dia 26, o Lidl põe à venda aquilo que me parece um esterilizador para conservas, da Biffinett, por 49 euros, julgo. Vou vê-lo e talvez o traga.
Etiquetas: Criações - compotas e licores
5 Comments:
Ainda lá tenho alguns marmelos, mas não sei se tenho a paciência para fazer esta sobremesa que me parece deliciosa..
é que a abóbora para o doce também ainda lá está e eu começo a não ter mãos a medir!
Havemos de criar sistema de troca de "cozinhados" entre todos nós... Por exemplo, eu enviava-lhe uma tacinha de marmelada e o avental enviava-me um frasquinho desse doce!
Agora a sério, passe lá no meu blogue, que finalmente postei o meu/seu arroz de pato!
Se não tiver muita paciência nem se meta nisso, Colher de Pau. O tempo não é muito, um pouco todos os dias. A pachorra é que tem de ser muita. Já fui tirar uma garfada ao arroz :)
Esta marmelada é muito mais requintada que aquela que costumo fazer. :-) Deve ficar divinal, assim.
É compota, doce de marmelo aos bocados, Elvira. Nos frascos não se vê bem. Mas acabou de me dar uma ideia :) A ver se ainda vou a tempo. Depois digo.
Apetece mesmo provar essa compota!:)
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