Finalmente
Tenho muita coisa para pôr e pouco tempo, de modo que vou colocando o que tenho às pinguinhas e com atraso. Poucas palavras, que as imagens valem por mil (dizem), acerca do Salón Internacional del Club de Gourmets, já lá vão quase duas semanas.


Provavam-se à vontade vinhos bons, assim-assim e um péssimo de Priorato, a zona minha favorita de vinhos de Espanha. Devia estar ali para espantar "los borrachos". Não ficaram sem resposta: disse-lhes que era muito mau, es muy malo, assim mesmo. Não é injusta a fama de gente somítica que os catalães têm em Espanha. Somíticos há em toda a parte, eu sei, embora mais nuns lados que noutros.

Mas a carne era a rainha da festa. À esquerda, dois grandes lombos de vaca maturados no frio e, à direita, leitões para o o célebre cochinillo, mais pequenos que o nosso. Quem um dia estiver perto de Arévalo, para os lados de Ávila, não deixe de ir ao Las Cubas. Só serve almoços. Sairá de lá a pensar que o leitão deles é diferente, que o deles não tira lugar ao nosso e vice-versa, que não se podem comparar duas coisas que são excelentes quando bem feitas.
Se a carne foi rainha, o presunto de porco ibérico foi rei. Em cima o stand da casa tida como a de melhores presuntos D. O. Jabugo, Sanchez Romero Carvajal. Estava a abarrotar de gente. Em Espanha há um verdadeiro culto pelo presunto. Parma apaga-se diante da excelência aromática, untuosamente macia de um presunto ibérico reserva, de bolota.
Gostei desta inspiração hípica para cobrir o presunto. Mas só para o proteger da poeira. Para não secar, é coberto com a gordura retirada do mesmo, como muito de nós sabem, se não todos.

Se o presunto era o rei, o foie gras era o príncipe. É de espantar o número de casas por toda a Espanha que se dedicam a fazer este manjar de deuses. O foie gras, como os presuntos e o vinho, estavam por todo o lado.
A vitrine acima ainda hoje me enche os olhos. Percebe-se, por isto e por tudo o mais, a mão de sábios do bom-gosto.

Também estiveram franceses com esta iguaria que pretendem deles, quando já era do Antigo Egipto quando caçavam gansos selvagens e, como iguaria de criação dessas aves, da Roma clássica.

O arroz bomba também estava presente, o arroz eleito para paelhas, com que fiz um arroz de borrego que pus no blogue, e um arroz de cabidela diferente, que estava saborosíssimo e que publicarei proximamente.

A fruta cairia bem depois de tanta boa coisa vista e provada, isto se o seu sabor fosse como o aspecto feérico que mostrava e se deixassem prová-la. Agora só para o ano. Mais que recomendável a quem se perde por estas coisas.Etiquetas: Miscelânea














Com o lume no máximo, aqueci bem na sertã uma mistura de manteiga e azeite, metade de cada, para que aquela não se queimasse demais, e fritei o bife, um minuto ou dois, de cada lado, não sei, mais não foi. Retirei o bife para um prato, temperei-o com flor de sal de ambos os lados e deixei-o em repouso uns cinco minutos.
Também já tinha pré-frito, a 160ºC, 2 batatas médias aos palitos grossos (4 por batata), lavados com água e secos num pano. Regulei depois a fritadeira para 180 Cº e, atingida a temperatura, com o bife pronto, acabei de fritá-las. Escolha sempre as batatas apropriadas. Hoje encontram-se em qualquer supermercado para fritar e para puré (mesmo que não digam para puré, são as que servem), como outras só para cozer, de polpa mais rija.
Na imagem abaixo, sem estar a olhar para o relógio, o corte de bife mostra a igualdade da camada passada nos dois lados. Não é um acaso. Tenho um leitor que me acusa de falta de técnica, como se a técnica fosse uma coisa rara, para seres de outro mundo. Aqui a técnica destes bifes é tão simples, escolha da carne, que me levou a trocar filet mignon de uma carne D.O. por acém de novilhos plebeus, bifes de espessura uniforme, gordura, chapa ou grelha muito quentes, um tempo de cocção muito breve e igual dos dois lados, fritos ou grelhados uma só vez de cada lado, sal ao retirar da sertã ou da grelha, e fazê-los esperar uns cinco minutos em lugar tépido antes de os servir.
Tinha fome. Não estive para enfeitar o prato. A carne confirmou-se, era uma delícia, e o molho ainda era melhor, as batatas estavam muito macias por dentro e estaladiças por fora. Enfim o almoço foi de se rezar a Deus. O lombinho, que não chegara a descongelar, esse voltara em boa hora para de onde viera.











