domingo, novembro 18, 2007

Sopa de cuscuz

Como havia de chamar a esta sopa, que é prato único, se não é canja nem, muito menos, um dos couscous do Magrebe? Há uns dois anos, talvez, que a imaginei, melhor que a fui imaginando até chegar aqui. Por duas razões, penso. Porque gosto bastante de canja de galinha e porque não gosto menos de cuscuz (argelino). Julgo mesmo que foi a preguiça a ditar-me o que é hoje esta sopa. Fazer o cuscuz mobiliza uma série de iniciativas, desde o demolhar o grão de véspera a ir em vão à procura da merguez nesta cidade de onde os mouros se foram, fez este ano 950 anos.

Como duvido que o presidente e os edis deste do burgo o saibam ou venham a sabê-lo a tempo, não haverá festa, nem sequer no Natal, e então vamos à sopa, que é o que está a dar.



O que leva, por pessoa:

Galinha desta - conte, pelo menos, com 150 g, sem osso.
Cuscuz - 80 g
Feijão verde partido à mão, umas 5 vagens
Cenoura média - 1/2
Linguiça a fazer de merguez - um troço

Temperos (têm a ver com a mão de cada um)

Massa de pimentão (*), de modo a notar-se bem (adicione sempre um pouco no final).
Pimenta preta do moinho, a gosto.
Sal - não exagere, até porque tem de contar com o sal da massa de pimentão.
Cravinho da Índia - uns 3 ou 4 por litro de caldo
Dentes de alho sem casca, meios esmagados, 2 ou 3 por litro de caldo (quando meter a cenoura e o feijão verde)
Um ramo de coentros para que fique a saber a eles quase sem se notar (a uns 3 minutos do fim)

Faz-se o caldo com a galinha, que deve ficar tenra, o sal à cautela, como se disse, deixando alguma gordura para dar melhor gosto. Num tacho com testo, põe 1 volume de água por volume do cuscuz, ou, seja, 1 copo de água, por 1 copo igual de cuscuz. Deita um pouco de azeite. Tapa e deixa levantar fervura. Desliga o bico. Adiciona o cuscuz, agita o tacho para ficar plano e cozer por igual. Ao fim de 3 a 5 minutos está pronto. Solte-o com um garfo como se faz para o arroz. Distribua os componentes no prato como na imagem acima e cubra com o caldo.



(*) Uso a massa de pimentão Centazzi, que encontro no Continente, é a mais parecida à caseira, e a caseira, pelo menos a que eu fazia, não era melhor, ainda que na altura gostassem dela. Tem a particularidade, valiosa para a vista, de aparecerem farrapos de pimento vermelho, como na que se fazia dantes: surgem na imagem acima, entre a ponta de baixo da linguiça e o prato, por exemplo. Também é a menos salgada, e muito menos que a caseira. Não faço publicidade remunerada. Indico o que me parece melhor. Se procurar no Google por "Centazzi", verá que é uma empresa portuguesa com sede em Lisboa, isto se tiver dificuldade em arranjar a massa de pimentão que recomendo, depois de ter passado por muitas.

21 Comments:

At 19/11/07 00:01, Blogger Joaninha said...

Mmmmmmmm,esta sopa é bem original e com toda a certeza deve ser deliciosa. Já aprendi mais um bocadinho ao vis espreitar, não sabia o que era merguez, mas agora já sei! :)

 
At 19/11/07 11:58, Blogger Unknown said...

Huuuuuuuuuuum!
Que cheirinho, Mestre!

 
At 19/11/07 12:00, Anonymous Anónimo said...

Amigo Avental, agora que o frio chegou essa canja deve ser muito reconfortante. É uma refeição completa!
Eu gosto muito de canja e costumo também fazer umas ligeiras variações para a tornar mais rica e aromática.
Gostei muito, como "ribalentejano" que sou, da massa de pimentão e coentros.Com hortelã também deve funcionar bem. Boa semana de trabalho!

 
At 19/11/07 16:29, Anonymous Anónimo said...

Em casa só faço canjinha com cucus,tem uma vantagem em relação ás outras massinhas não se desfazem e quando sobra parece sempre que foi feita na hora!!!
Esta sopa deve deliciosa vai ser a próxima!!

Maria

 
At 19/11/07 21:22, Anonymous Anónimo said...

Joaninha, a merguez é como uma linguiça fininha das nossas, aquela que se vê no prato, mas feita com carne de carneiro e outros temperos.

 
At 19/11/07 21:28, Anonymous Anónimo said...

Caiano Silvestre, de facto é uma sopa cheirosa, tem é cuscuz a mais para si, mas um dia não são dias e não é uma só vez que faz subir o nível da diabetes (diz-me quem a tem). Experimente-a.

 
At 19/11/07 21:31, Anonymous Anónimo said...

Também a faço com hortelã, o que é agora há pouca. Nunca tinha pensado nestes termos, Scalabis: é de facto uma sopa a saber totalmente a Sul.

 
At 19/11/07 21:34, Anonymous Anónimo said...

Maria, é isso mesmo, o cuscuz é muito versátil. É boa e fácil, muito fácil de fazer.

 
At 19/11/07 21:34, Anonymous Anónimo said...

Maria, é isso mesmo, o cuscuz é muito versátil. É boa e fácil, muito fácil de fazer.

 
At 22/11/07 15:49, Blogger jp diniz said...

eu uso sempre massa de pimentão caseira que compro no mercado de Estremoz, mas reparei esta semana que no Corte Inglés tinham harissa.

 
At 23/11/07 10:26, Blogger Marizé said...

Para quêm está de lenço de papel em punho como eu, esta sopinha vinha a calhar.
Não conhecia essa linguiça, vou estar mais atenta.
Tal como o Scalabis, eu também uma Ribatejana cruzada de Alentejana, gostei muito do tempero.

Beijocas

 
At 2/12/07 18:11, Anonymous Anónimo said...

Estou bastante longe de Estremoz, infelizmente, terra de cozinha de primeira. A mim, na massa de pimentão caseira, a única coisa que me atrapalha é o sal em excesso. Não sei é se a sua o tem assim, João Pedro Dinis.

 
At 2/12/07 18:14, Anonymous Anónimo said...

Marizé, em Lisb oa creio que a arranjará. Em Leiria, num restaurante, como cuscuz argelino e fazem lá a merguez (diz o dono...).

 
At 8/7/08 23:05, Anonymous Anónimo said...

lamento informar, mas couscous nao é sopa, a merguez em nada se parece com linguiça e também ´~ao é uma massa que acompanha qualquer comida. Couscous é um prato tipicamente árabe constituido por varios tipos de carne( excepto porco), de legumes e de sémula (a tal massa a que todas as pessoas erradamente chamam de couscous). a harrissá pode ser usada para quem apreciar comida muito picante.

 
At 8/7/08 23:22, Blogger Nuno Dempster said...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 8/7/08 23:24, Anonymous Anónimo said...

Não leu bem o texto. Leia-o sem ser em diagonal e verá que sei o que é cuscuz de cor e salteado e que não queria fazer nenhum dos que conheço, argelino, marroquino ou da Tunísia. Queria fazer uma sopa, e faço-a. E olhe: acho que a diferença entre a merguez e a linguiça é mais na carne que nos temperos. Não sei por que carga d'água o cuscuz não há-de servir para outras coisas.

 
At 8/7/08 23:37, Anonymous Anónimo said...

nao me estava a referir ao texto exposto, mas sim a alguns dos comentários. passo a explicar: couscous nao é uma massa, mas sim o nome de um prato árabe.é composto por sémula, ingrediente que as pessoas chamam de couscous.

 
At 9/7/08 00:02, Anonymous Anónimo said...

nao quis, de todo, dizer que nao sabia o que era couscous. Quis apenas que percebessem a diferença entre o dito cereal e o nome do prato.é obvio que a pode acompanhar com o que entender.em relação à merguez sou da opiniao que é bem diferente da linguiça.para além da carne ser diferente, a primeira é confeccionada com especiarias bem especificas e são picantes.Quanto a mim são bem diferentes, mas é apenas uma opinião.

 
At 9/7/08 13:23, Anonymous Anónimo said...

O que sucede é que, como muitas outras palavras, cuscuz (esta é a grafia portuguesa) tomou o nome dos pequenos grãos de sémola, creio que por via francesa. Nos próprios pacotes vem indicado como tal. Concordo que a verdadeira merguez, feita de carne de carneiro, tem um sabor notoriamente diferente. Mas a que tenho comido por cá (e em França), a diferença não tem sido tão notória, talvez porque os temperos sejam caros, não sei. No mais, creio que devemos ser criativos em cozinha, e hoje é comum misturar elementos de cozinhas nacionais num só prato, com grande vantagem de riqueza de sabores e texturas. Quando aplicada a cozinha de autor, moderna (não é o caso desta sopa, de resto bem boa), toma o nome de cozinha de fusão.

 
At 9/7/08 22:13, Blogger Unknown said...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 10/7/08 01:18, Anonymous Anónimo said...

O comentário não foi eliminado. Quanto sei, só pode eliminar comentários o dono do blogue.

Aqui fica o texto que tinha no correio:

Carina

Efectivamente essa é, em português, a grafia correcta, mas continuo a escrever tal como vem nos pacotes.voltando à merguez penso que a diferença passa mesmo pela forma como é confeccionada, pois na verdade as especiarias nao sao caras.De facto França teve e continua a ter influência no couscous( refiro-me ao prato em si, penso que entende o que quero dizer depois o exposto) devido à presença de populaçao árabe em grande número. Concordo que todo o prato deve ser rico em sabores, aromas e texturas.

 

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