Uma pá de borrego da Catalunha # 1
Trouxe o assado da entrada abaixo de Torre Valentina, na província catalã de Girona. Estava em férias, ali onde o mar é único – todos os mares parecem únicos porque diferentes em cada lugar, quando ainda primordiais como esse Mediterrâneo.
Sentámo-nos numa esplanada para jantar, as mesas postas para isso mesmo. Fui olhando para o que os outros estavam a comer, comida internacional de Verão, muito mais rápida do que lenta. Veio o chefe de mesa com o seu bloco de notas, envergava um smoking, tomou conta das pedidos e, quando foi a minha vez, disse-lhe que para mim só mesmo uma coisa muito boa. Temos algo que não vem na ementa, não se preocupe, vai gostar. E trouxeram-me uma pá de cordeiro assada no forno, colocada inteira sobre feijão branco cozido, pequeno e muito macio, um tomate grelhado ao lado, o molho simples e leve do assado sobre os feijões. Uma delícia suprema.
A cozinha catalã tem destas tão inesperadas quanto perfeitas ligações, plenas de equilíbrio e rusticidade. É para mim, com a cozinha do País Basco, a melhor das nações de Espanha, ainda que seja injusto não lembrar a galega, irmã da nossa nortenha, e a castelhana, esta de uma simplicidade austera em que a matéria-prima de pastos de erva e de bolota tem lugar de rei.
Falo de cozinhas regionais. Porque em Espanha também floresce com grande pujança a chamada cozinha de autor, quantas vezes baseada em desmontagens da cozinha tradicional. Infelizmente, estamos bem longe de nuestros hermanos em turismo e, muito mais ainda, no subsector da restauração.
Etiquetas: Miscelânea
2 Comments:
Subscrevo integralmente essas palavras.
Sabe bem essas palavras, Mestre. São mais suas que minhas.
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