Caldeirada de robalo do mar
Este robalo foi pescado na foz do Rio Vouga, vulgo Barra de Aveiro, um robalo não residente, ou seja, que vive no mar, ao contrário dos residentes, que vivem para montante da foz, muitas vezes junto dos molhes, entre as pedras. É mais claro do que estes e assim pode distinguir-se muito facilmente dos robalos de aquacultura que enchem as bancas em todo lado. Já os residentes são iguais no aspecto aos de “aviário”. Como distingui-los então? Os robalos de aquacultura são mais moles, têm gordura no ventre e por vezes ainda ração nas tripas.
Feita a apresentação do bicho, vamos à caldeirada que, com o tempo, evoluiu de receita de família para um misto de outras saboreadas, sobretudo com a introdução de pimento e rodelas de limão, e uma alteração minha que não fiz. A redução do caldo para a moira.
Fica para a próxima. Esta caldeirada é uma deriva da caldeirada de enguias à moda de Aveiro, usualmente praticada na região.
O que levou:
1 robalo do mar com cerca de 1 kg
Batatas para cozer em rodelas de 5 mm, mais ou menos.
Banha caseira, na falta de gordura de presunto quando amarela.
Azeite mais que extra virgem.
¼ de pimento verde.
1 ½ de tomate de rama bem maduro cortado aos pedaços.
Uma cebola grande partida ao meio.
3 dentes de alho esmagados a murro, sob a lâmina da faca.
1 folha de louro.
Pimenta preta do moinho.
Sal.
“Pó de enguias” como se chama em Aveiro ao corante alimentar amarelo.
Levei a cabeça do peixe, o tomate, o pimento, a cebola, o alho, o limão, a banha, o azeite e demais temperos a ferver num tacho, em água suficiente para a caldeirada. Quando me pareceram os gostos fundidos, meti as batatas. Já praticamente cozidas, pus-lhes em cima o robalo às postas e tapei. Ferveu 5 minutos, desliguei o lume e deixei o tacho tapado. Quando já tínhamos comido os pimentos de piquillo, fiz a moira para depois se deitar no prato, sobre a caldeirada. Retirei um bocado de caldo e juntei-lhe sal, pimenta preta do moinho e vinagre de vinho branco. O objectivo é que fique temperada com (algum) excesso.
Esta caldeirada à moda de Aveiro fez parte do jantar de domingo. Não me perco por caldeiradas de peixe e estava sem apetite, mal comi, uma batata, uma posta de peixe. Comentaram que estava muito boa, e sei que não foi por favor: quando algo sai apenas escapatório dizem que está mau.
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13 Comments:
Pessoal critico esse! Também tenho cá disso.
Imagino o que será a ceia de consoada! :)
Festas Felizes!
s_pt
Desculpe, mas explica-me o porquê dea moira ser para deitar no prato? Não pode ser no tacho?
Marta, é porque costumam aproveitar a calda para uma sopa sem mais tempero, com pão torrado aos cubinhos ou broa esfarelada. Chamam-lhe canja de enguias, neste caso, de robalo.
Não o fiz, porque tinha já a sopa feita com as cascas e cabeças dos camarões que rechearam os pimentos de piquillo.
Anonymous, espero que esteja boa, sim.
Mestre, então temos :)
Adorei o seu blog e vou dar-lhe um merecido destaque no meu.
Talvez um dia experimente as minhas sugestões da cozinha Turca e depois diz-me o que é que acharam!
Desejo-lhe tudo de bom e um Natal muito Feliz!
Boas Festas amigo Avental.
porque costumam aproveitar a calda para uma sopa sem mais tempero, com pão torrado aos cubinhos ou broa esfarelada.
E também farinha de pau cozida no caldo. Fica uma papa muito rala ou um caldo um tanto grosso, depende dos gostos.
Já experimentaste? É uma delíííícia...
Mestre, beba um copo por mim, que eu bebo outro por si. Tenha um bom ano.
Mirtilho, comi algo parecido no sul do Brasil, farinha de pau feita sobre uma sopa de peixe. Acompanhava tainha assada. Era bem bom. Aqui num vi fazerem o mesmo. Mas bom é, de certeza.
Corrigindo:
num = não :)
Aqui não vi...
Avental, eu refiro-me ao mesmo "aqui" que tu.
Bom Ano de 2007.
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