Um jantar virtual, tradição e sua evolução, refeição #2
Antes de tudo tem de comprar um termómetro para medir a temperatura no interior das carnes,

No talho, peça uns dois kg de vão de lombo de porco para 4-5 pessoas. O vão de lombo

Peça ao talhante para dar um golpe a toda a volta em cada espaço entre as costelas, com a profundidade da espessura do osso. Assim, depois de assado, retirará o lombo facilmente. Peça também para lhe tirar o coirato mais fino possível e para lho partir aos pedaços.
Em casa, faça uma vinha-d’alhos a seu gosto, com vinho bem tinto. Ponha no frigorífico por seis ou mais dias, sempre cobertos. Pode cozê-los depois na sopa de todos os dias, desde que não seja de peixe, isto sou eu a tentar ser irónico. Vão melhor com sopas de feijão. Pelo-me por coiratos assim, e ainda com carolas ou rolões de milho, que não são mais do que milho partido, peneirado da sua farinha. Põem-se uma hora de molho, retiram-se as cascas, que sobrenadam, e vão, com os coiratos, a um tacho a cozerem com água e sal. A meio da cozedura, acrescente-lhe um bocado da vinha-d’alhos e deixe cozer. Se começarem a ficar espessas, adicione mais vinha-d’alhos. A espessura é a de uma massa de brioche, pastosa, mas não de mais Quando cozidas, comem-se assim, sem mais nada, a não ser uma simples salada de alface com uma vinagreta vulgar. É um prato regional da zona onde vivo, próprio para o Inverno, e de que também gosto bastante.
Vamos mas é ao lombo. Com uma faca, faça golpes regulares em toda a superfície do toucinho até à carne, golpes paralelos e à mesma distância entre si. Depois trace golpes semelhantes, formando ângulos mais ou menos de 45º com aqueles, tudo isto de modo a desenhar uma rede de losangos. Esmague dentes de alho sem pena no esmagador ou no almofariz (bem esmagados, com um pouco de sal). Barre o lombo com o alho por todos os lados e meticulosamente, inclusive no osso, e esfregue com mais sal do que utiliza para um estufado, por exemplo. Os assados exigem mais sal. Guarde no frigorífico por dois dias.
Ao terceiro dia (que é o da separação das águas na criação do mundo), ligue o forno a 220ºC e espere que aqueça.

Se quiser servir o lombo no vão, deve atar com fio de cozinha algo longo e firme junto e a meio do espinhaço. Assim o vão não se curva e pode montar de novo as fatias que cortou, o que dá um belo efeito, sobretudo se for servido frio.
Mas este é servido quente e não é preciso nada. Com uma faca afiada e longa vai separando o lombo do osso e aí verá como deu jeito tê-lo cortado, como disse, entre as costelas. O lombo solta-se facilmente.
Entretanto, cozeu batatas com casca e pouco sal, pelou-as e partiu-as às rodelas de 1 cm de grossura. Pincelou-as de ambos os lados com um pouco de massa de pimentão comprada (agora há-a em todo o lado, até há poucos anos tinha de fazê-la). Na sertã aquece e derrete uma boa banha, que deve cheirar a torresmos. Frita primeiro a morcela e depois aloura aí as batatas, sem deixar queimar a massa de pimentão. A seguir esfarela a morcela. Temos tudo para começar a montar os pratos. Sobre 2 rodelas de batata alouradas monta 3 fatias de lombo de porco,

Para acompanhar, sugiro um Vinhas Velhas, um Bairrada de Luís Pato. Os vinhos da Bairrada têm certa acidez natural e são frescos. Servi-lo a 18ºC.
4 Comments:
Presumo que seja este o lombo que me vai fazer voltar a gostar de lombo assado!
Gosto do pormenor dos alhos confitados...
Tenho é de compra o termómetro!
Agora quero degustar este Vinhas Velhas. Essa acidez de que fala muito me apraz. Abs
Presume bem, Colher de Pau. Não me lembrava onde tinha posto o que escrevi acerca do lombo, deste modo de fazer o lombo, que o torna bastante suculento. Era até para lho dedicar, para ver se o fazia. O termómetro é indispensável, não é caro e presta relevantes serviços a assados e estufados :)
Ah não tire as gorduras da pá de porco, uma vez na vida não fazem mal. Veja que a pá se torna suculenta por causa da gordura que tem e que não conseguiu tirar-lhe.
Gorete: os vinhos da Bairrada são assim, maduros e bem maduros, mas com uma certa frescura que os torna óptimos para acompanhar carne de porco. Essa acidez provém de a Bairrada ser uma região perto do mar.
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