Um jantar virtual, dividido em várias refeições #1
O que tenho escrito no blogue, se dava para um belo almoço, não dava para um jantar daqueles de nos deitarmos às 3 da manhã e ser já domingo. Vamos então a ele, que não é por me esquecer do muito que se passa neste mundo. A propósito, já clicaram na imagem da direita? Vê-la-ão melhor e se, logo a seguir, olharem para a de cima, perceberão mais claramente o que quero dizer.
Comecemos pelo princípio, que há quem comece pelo fim, é o caso daqueles a que aludo mais abaixo. Além de quem ficou na sala a ver televisão, sucede muitas vezes.
Carpaccio de carabineiros
Ou de camarões. Compre bichos frescos, de tamanho médio e descasque-os crus, uns 6 por pessoa. Faça um rolo com eles estendidos, perfeitamente direitos e arrumados ao comprido, uns sobre os outros e lado a lado, sobre folha de alumínio suficiente. Com a ajuda desta, forme o dito rolo (um pouco como a técnica de enrolar tortas, mas sem açúcar...). Leve ao congelador 15 a 20 m ou até sentir o rolo firme, mas não congelado de todo. Retire-o e com uma faca fina e muito afiada, corte-o em lâminas muito delgadas, que darão rodelas perfeitas de camarão. Disponha-as ordenadamente em pratos, em redor de meia colher de sopa de caviar ou sucedâneo preto, temperado com sumo de limão, sobre tosta de canapés, encimado por meio tomate-cereja voltado para cima. Faça uma vinagreta, batendo bem 2 colheres de sopa de bom azeite com ½ colher de sopa de vinagre de sidra e sal fino. Com um pequeno aspersor, novo, de perfume, por exemplo, que deve agitar antes, borrife o carpaccio, limpando meticulosamente o que entrou para a borda dos pratos. Comece a servir o jantar quando tenha o carpaccio pronto.
(Alterado, de um almoço no restaurante Panier Fleuri, em Donostia.)
Um Bucelas Prova Régia para acompanhar, enquanto estamos por aqui. Porque a ementa é mais própria de boys de José Sócrates e dos cartões de crédito atribuídos, geradores de despesas imponderáveis no Orçamento Geral do Estado, digo eu.
Adiante, que podem ler-nos. Os vinhos e os álcoois virão a par e passo. Se conduzir, não beba. A propósito, que escrever não custa, alugue uma limusina Rolls Royce com motorista vestido a rigor. No fim haverá música e lágrimas num comovido bouquet de sentimentos verdadeiros (os sentimentos são sempre verdadeiros). É que um jantar destes amolece as almas mais desenganadas, com excepção da alma dos citados, se a tiverem.
A ementa:
Carpaccio de carabineiros com azeite do Douro, vinagre de cidra e caviar Beluga montado em canapé
Vão de porco assado com migas de morcela e doce de laranja amarga
Queijos do Gourmet
Doce supresa
Melão perfumado com calda de hortelã
Café Blue Moutain da Jamaica, em balão e chávenas da Bavária
Conhaque e licor
Cigarrilhas Romeo y Julieta (no exterior, se houver luar)
Música a rigor.
(Segue na próxima)
2 Comments:
Isto promete!!! :))))
Já me ri imenso! :)))
A música condiz com a loura ou com a foto da direita? :))
Se fôr a condizer com o Rolls deve ser mais género kitsch, não?!
Não me leve a mal, mas não resisti :)))
Maria Helena
Não levo nada a mal, M.ª Helena, salvo pessoas rabugentas e impropérios:) No mais aqui é um lugar onde se pratica e deve praticar-se a liberdade.
O jantar promete, claro. Vai-se comer e beber do bom e do melhor, já que é tudo virtual, salvo as receitas, minhas, de outros ou por mim adaptadas, todas experimentadas, e também os vinhos, que os tenho na garrafeira, salvo, precisamente, o Prova Régia.
Ia pôr Chopin, amolecedor de corações, o kitsch da música dita clássica. Deu-me outra ideia muito melhor, o pior mesmo é arranjar o disco para ripar de lá o que quero :)
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