Enfim, uma sobremesa
Gelado de ameixas e alperces com porto velho e doce de damasco
Pomposo nome lhe inventei. Com justiça, acrescento. Não paga mais por isso. Sobremesa para um jantar opíparo.
Natas frescas pasteurizadas - 1 L.
Açúcar - 300 g.
Vinho do Porto de 10, 20 ou 30 anos conforme a bolsa e a exigência.
Ameixas e alperces secos - 1 cuvete de cada.
Doce de alperce aromático - 1 frasco.
Como faço tudo a olho e a gosto, com excepção do que exige exactidão, como aqui as natas e o açúcar, o resto vai indicado sem rigor, sendo que não precisa mais do que uma embalagem de ameixas e outra de alperces, geralmente de 250 g, e há-de sobrar um bom bocado: serão precisos 150 g de cada fruto, a olho.
Pique as ameixas e os alperces finamente para uma tigela e marine-os com o porto a cobrir, doze horas antes de bater as natas. Bata as natas, que devem estar frias, com o açúcar, primeiro na velocidade mais lenta da batedeira e quando começarem a espessar, na mais veloz. Quando as varas deixarem desenhos firmes na mistura, está no ponto.
Escorra as frutas picadas e junte-as com um pouco da marinada à nata batida. Envolva-as na nata, com movimentos lentos de baixo para cima e de cima para baixo, e não como quem está fazer um polme com a colher de pau... Rectifique a gosto o aroma e a presença do porto com mais marinada, envolvendo de novo. Se a marinada não chegar, acrescente porto. Leve à arca frigorifica ou ao congelador, e deixe gelar, porém de forma a que possa bater a mistura para lhe quebrar os cristais que porventura tenha.
Entretanto, aqueceu metade do doce de alperce em lume brando com um nada de água, sem levantar fervura e mexendo bem. Cubra o fundo da forma com o doce. Deixe-o arrefecer. Encha a forma com a mistura de natas e frutos, tape-a com folha de alumínio e leve-a a gelar por três ou quatro horas, sendo certo que pode fazê-lo com antecedência, sem sobressaltos (um dia antes, uma semana, um mês, meio ano...).
No dia de servir ou quando precisar da forma, desmolde o gelado, virando-o sobre uma travessa própria. Sirva-se então de muita paciência e de panos mergulhados em água tão quente quanto possa, bem torcidos e quentes. Um arrefece, vai por outro. Percorra a forma, mais no fundo que nos lados, com o pano aberto, dobrado em dois, sem o deixar parado nela, isto é, proceda tal qual se tratasse da pele do seu maior amor. Vai ver que ele (o gelado) se dá na perfeição. Pode servir com línguas-da-sogra, daquelas da praia, antigamente... ou com bolachas parecidas, próprias para acompanhar gelados, em canudo ou não, mergulhadas na altura por cada um em chocolate negro quente. É só ter tacinhas pequenas, pré-aquecidas, individuais, se houver convidados mais que tal. Vai ver que boa ligação fazem com o gelado.
Etiquetas: Criações - Sobremesas
6 Comments:
Valeu a pena esperar. Que sobremesa deliciosa e requintada!
É próprio para um jantar especial, uma sopa invulgar ou uma boa entrada, um assado, vinhos, queijo. Pecar pouco por pecar pouco, pequemos uma vez muito.O gelado fica muito bonito com o doce em cima, e é de facto muito bom, e muitíssimo calórico.
Gostei mjuito desta receita.Adoro ameixas secas.Anotando.
De facto, tanto quanto as receitas, são deliciosas as palavras, as imagens, os apartes. O vernáculo :-) Vai tornar-se blogue de referência.
Soledade, talvez eu ganhasse fama como cuca, há cozinheiros que alcançam a glória, mesmo dando - imagino - pontapés no vernáculo :) Tudo se lhes perdoa pela paz que nos trazem, rectifico, nos ajudam a trazer à alma. E depois morrem muito mais depressa do que os pós-modernos manobradores do vernáculo, na ideia que de si mesmos fazem...
Valentina, vá-se alegrando, tenho várias coisas com ameixas secas :)
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