Costeletas de borrego com puré de poejos e um molho ainda por baptizar
A hortelã, menta viridis, L. e o poejo, também chamado hortelã dos Açores, Mentha Puligium, L. pertencem ao mesmo género e têm ambas as ervas um aroma mentolado. Conhecendo-se a boa ligação que o molho de hortelã faz com o carneiro e o borrego, não será dificil imaginar o papel que este puré aromático desempenhou com as costeletas. Sem dúvida que potenciou o bom sabor da carne, que o sabor e aromas do molho viria a realçar ainda mais.
Usei: costeletas de borrego fresco, nacional. Batatas próprias para fritar, que são sempre farinhentas, as melhores para puré, e poejos, pimenta preta do moinho, manteiga, azeite mais que extra virgem e leite para o dito. Azeite, alho esmagado no passador, uma ponta de massa de pimentão e alcaparras de conserva para o molho das costeletas.
Cozi em vapor batatas com casca partidas ao meio, no sentido da sua menor largura. Passados 20 minutos estavam prontas. Pelei-as e passei-as no passe-vite para um tigelão já com manteiga. Bati a massa e acrescentei azeite, temperei com sal e pimenta preta, batendo sempre com uma colher. No copo misturador desfiz leite com bastantes folhas e rebentos de poejo. Amornei o leite e fui-o deitando no puré, sem deixar de bater. Quando a consistência me pareceu bem, levei-o ao lume, batendo sempre até estar quente e fofo.
Na chapa de grelhar, pus primeiro um pequeno tomate partido ao meio, que acabei por não utilizar. Coloquei as costeletas e grelhei-as, cuidando que não ficassem muito passadas. Temperei-as com flor de sal, que tem um sabor muito mais suave que o sal comum, marinho ou não. Reservei-as em lugar quente, onde já estava o prato.
Fiz o molho, com os ingredientes acima ditos, para passar nele a carne à medida que a fosse comendo, aquecendo-o no microondas. E empratei (a primeira costeleta do lado esquerdo, na imagem do início, era para estar chegada à seguinte...). Foi o meu jantar de ontem e garanto que estava um petisco de alto lá com ele. As costeletas, o puré, o molho. Ligações perfeitas. Mas de alentejano, como o imaginara e como vai sendo costume, nada tinha. Era para, com o puré de poejos, fazer umas migas enroladas de batata se, em vez de borrego, fosse carne de porco. Felizmente que encontrei de repente estas costeletazitas, aliás excelentes.
Etiquetas: Criações - Carne
14 Comments:
Costumo ficar sem insparação, quando é para preparar costeletas de borrego. Admiro a sua! Vou guardar a receita num cantinho, para a próxima.
Esse puré com poejos ficou por aqui a "piscar" ...
Elvira, as ligações tornam as costeletas melhores que, já de si, poderiam comer-se sozinhas, com pão :)
Ah, os poejos, Paula :) Quando assar borrego ou perna de carneiro não descarte este puré. É só imaginar o gosto e a firmeza da carne com o aroma e a "fofura" do puré, afinal o modo e o segredo de inventar pratos. Imaginar antes como sairão.
Fiquei encantada com a receita de costelas de borrego!!
Vivianne
Cá para mim o molho já tem nome:
Molho simples de alcaparras.
Puré de poejos! Belíssima ideia.
Isto parece ser para lá de bom. Para mim, nascido em Évora, tudo que leve borrego, hortelã e poejos deixa-me logo os sentidos aos saltos. Vou experimentar amanhã.
Aqui está uma comidinha que eu adoro!
Vou dar uma trinca. LOL
Winnie
Avental, costumo andar por aqui mas sem comentar. :)
Depois de ter manifestado a JVC o que aprecio no Gosto de Comer (resposta à curiosidade que manifestou acerca dos seus frequentadores), achei que era uma injustiça e uma descortesia não fazer o mesmo aqui.
Aqui, o que me traz é a sua criatividade aliada ao uso de ingredientes muito portugueses: inspiração e tradição. Depois, há também dicas interessantes e práticas, muito pessoais, que aprecio por isso mesmo.
Por isto tudo, quero manifestar o meu apreço e gratidão. :)
A Taste of Heaven, creio que o borrego deste tipo não é usual no Brasil, daí o seu encantamento :) Em contrapartida, a carne de bovino é incomparável, e o caranguejo catupiri, e o camarão com alho, o pão de queijo mineiro, o coco verde gelado e a garapa com limão, esses dois refrescos incomparáveis que tantas vezes me saciaram a sede.
Já está então baptizado o inocente, Marta. Mando um frasquinho dele à madrinha, devidamente esterilizado? :)
Ah, o puré e os puristas de opureta que esticam, nada puros, o pescoço, na ilusão de aflorarem de mundos miudinhos.
Estava bem bom o dito. Pode experimentar à confiança e cozer as batatas com casca em vapor. Se não sai bom, digo que não.
As batatas cozidas assim, e retirada a casca, é o método que sei, não só de conservar melhor o sabor das batatas, como de elas serem esmagadas com menos água, H2O tão prejudicial ao puré quanto a um computador :)
Ah, quando fizer de novo aquela conserva, faça com carne da pá, que tem igualmente a gordura indispensável, e é mais firme.
Chef Janvier, o meu jantar de hoje vai ser o prato da cozinha tradicional alentejana de que mais gosto. Tem borrego, hortelã e pão, claro. Amanhã conto pô-lo aqui.
Cinderela, apareça sempre. Aqui não se esconde nada, muito menos raivas, falhanços de vida, etc.
Creia que nada do que está neste blogue é para vender ou para pôr em livro. É para oferecer a quem passa aqui, sem reservas.
Anonymous, é o que se chama uma trinca num bocado de luz :))
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