Velouté de coco com camarão, coentros e pimenta vermelha
Pelos vistos, na terra deste vosso blogue, o tempo está para sopas a escaldar. Hão-de pensar que sou sopeiro, salvo seja. Não sou, mas andava há algum tempo a pensar numa sopa de caril. Fui comprar uma lata de leite de coco tailandês e camarões já descascados, que se os descascasse eu caíam-me os dedos de frio com o gelo que para aqui vai. Fiz um refogado com cebola picada e azeite mais que extra virgem, e deixei a cebola cozer no azeite, a que juntei 1 dente de alho, 1 tomate pequeno partido com casca e tudo, 1 ramito de coentros e mais tarde meia colher de massa de pimentão. Deixei apurar. Obtido o estufado, juntei 1/3 do leite de coco da lata e temperei de sal e pimenta preta do moinho. Estava feita a base da sopa de caril.
Nesta altura provei o caldo, e foi aqui que mudei de rumo. Ainda tinha de cozer à parte um pouco de arroz ou de massa, não me decidira ainda por qual, era tarde, estivera a fazer este bolo de azeite, depois de ter atendido ao S.O.S. nos comentários, já bastava de cozinha, e não pensei mais em caril.
É que tinha descoberto uma outra sopa. Uma sopa fora do comum. Aveludada como se tivesse levado só natas. Acrescentei o resto da embalagem de leite de coco, um gole de água e rectifiquei de sal. Deixei que fervesse e coei, deixando apenas o caldo. Acrescentei meia dúzia ou um pouco mais de camarões do tamanho 30/50, e vigiei a cozedura, que foi mais demorada que apenas em água e sal. No prato de sopa colocara já uns grãos de pimenta vermelha, picara entretanto coentros e aquecera no microondas um nada de concentrado de tomate de bisnaga.
Então foi só pôr a sopa no prato, espalhar os coentros picados, distribuir em duas partes a massa de tomate e comer. Estava bem boa, e melhor ficaria se, em vez de camarão, tivesse estufado perdiz ou galinha e usasse uma pequena parte dela e do molho. Fica para a próxima, que há-de ser em breve.
Etiquetas: Criações - sopas
13 Comments:
Confesso que me aconteceu o que pensava impossível há apenas 3 ou 4 anos: enjoei camarão.
Acho que foi desde que a aquicultura trouxe o camarão barato, mas com menos sabor. E com doenças e bicheza esquisita metida dentro da casca da cabeça do camarão. Yuck!Blarghhh.
Agora, essa sopinha com perdiz ou galinha deve ficar bem boa!
tem graça... também fujo do camarão de aquicultura como quem foge da cruz!!!
A cabeça do camarão então... é mesmo de fugir!!!!!! Que gosto horrível, até pica na língua.
blhackkk...
blhackkk...
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Avental,
porém a sua sopinha tem muito bom aspecto! Hummm...
Pois a sopinha tem excelente aspecto!!!! talvez a experimente um dia destes... E vou aceitar a sugestão de a fazer com um pouco de galinha caseira!
Há já algum tempo que penso substituir as natas por leite de côco numa receita de sopa de lagostins com caril que trouxe da Islândia(!). E retirando o caril, deve ficar muito semelhante ao que apresenta aqui! Tenho que experimentar.
O seu blog é uma obra de arte. É um dos blogs mais bonitos, interessantes e com classe que já vi. Felicidades...
Carla
E vou experimentar esta sopa, bem a ferver...
Chef Janvier, eu ainda não estarei enjoado, mas a caminho de o estar com grande rapidez, não porque estes camarões tenham sido de aquacultura (pelo menos dizia no pacote que eram de Madagáscar), mas pelos de aquacultura que eventualmente tenho comido fora de casa. Já me sabe tudo ao mesmo. Restam-me os da costa, tão diferentes dos outros, e mesmo esses já aldrabados com os que vêm de Espanha, igualmente pequenos mas tão diferentes.
Também penso que a sopa fique óptima, ou seja, muito melhor com uma penosa dessas, talvez galinha por ter um sabor mais acentuado.
Eu fujo do camarão e do peixe, Mónica. Quando num restaurante me vêm com um robalo que dizem ser do mar, respondo que só vendo o peixe. Basta-me tocar-lhe com um dedo para ver a firmeza da carne. O de aviário é mole como um sapo, salvo seja.
Colher de Pau, com essa galinha deve ficar bem boa a sopa, sobretudo se for uma franga quase a pôr. Acho que já não há disso. Há uns anos tinha um galinheiro no quintal. Foi lá um cão tornado selvagem com a fome e matou tudo. Acabaram-se então as galinhas.
Tenciono variar os temperos, acrescento noz moscada, retiro a massa de pimentão e ponho salsa picada em vez dos coentros, e o que mais verei na altura. Aproveito parte do molho desengordurado de estufar normalmente a galinha. A sopa, como parte de uma refeição, a galinha estufada, de outra.
CMF, creio que o leite de coco, só por si, realça o sabor delicado dos lagostins. Penso que o caril, sobretudo se for picante, vai anular essa delicadeza. Resta saber o que iria bem como tempero dessa sopa. Um refugado ligeiro, pimenta preta, um golpe de xerês seco?
Carla, vai ver que o Yoga a ajudará a descobrir blogues muito mais interessantes que este :)
Há sempre a hipótese de fazer um caril suave, com um toque de gengibre, sementes de coentros e cardamomo. Com um refogado ligeiro (de chalotas, parece-me bem, ou então alho francês), como sugere, e o tal golpe de xerês, não deve ficar nada mal! (Por acaso uma das sugestões habitual para a sopa islandesa é um golpe de brandy no final.)
CMF, só agora, ao ver o seu bem escrito, é que vi o meu refUgado estorricado :( Se eu me tivesse lembrado de que a palavra deriva de fogo e não de refugo, não tinha cometido este erro de escola primária, coisa que detesto em mim. Confesso que gosto mais da Língua, muito mais, do que de cozinhar e usufruir destas coisas que vou pondo no blogue. Enfim, talvez isto me perdoe.
Embora aprecie bastante a(s) cozinha(s) indiana(s), pouco ou quase nada me tenho dedicado a elas. Conheço-as mais de restaurantes, em Lisboa e fora do país.
Quando quero usar algo oriental num prato de cariz europeu, recorro às cozinhas chinesa e japonesa, por serem em geral suaves. Estou numa fase de banir sabores fortes, de ambicionar que cada prato que faça da minha cabeça seja uma delikatessen. Por isso é que retirei à última hora o caril (assim batizaram essa premistura industrial, eu sei).
Caro "Avental", nem reparei no erro, embora acredite que isso não lhe dê mais descanso!
Embora aprecie a cozinha indiana (claro que falamos de uma espécie de cozinha indiana, adaptada aos gostos europeu; diz-me quem já esteve na Índia que há coisas que sabem a fogo.), tenho-me virado cada vez mais para os "caris" do sudeste asiático, mais suaves e complexos. A cozinha tailandesa e indonésia, por exemplo, são exemplares para essa busca de sabores delicados da qual fala; são gastronomias já distantes de uma certa rudeza que caracteriza a cozinha indiana (que tem as suas virtudes, claro).
Ah, e faço sempre o caril em casa (em pasta, embora recentemente um amigo me tenha oferecido um, por ele preparado, em pó, muito bom.). E acho que nunca consegui fazer dois iguais :) Aliás, costuma dizer-se que, nos países onde se come "caril", há tantas receitas (para a mistura) como famílias.
(Uma sugestão, bem difícil de seguir em Portugal, eu sei: a cozinha coreana, que situa, por razões históricas e geográficas, entre a gastronomia chinesa e coreana. Para celebrar o meu regresso à Coreia, lá para Março, irei em breve colocar algumas receitas no meu sítio.)
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