sábado, novembro 04, 2006

Marmelada com passas, nozes e vinho do Porto


Meti-me na tarefa, ainda eminentemente feminina, de fazer marmelada. Foi um fraquíssimo reforço para a coerência das minhas ideias acerca da libertação da mulher, reconheço. É que só quis a parte agradável de fazer o doce, ou seja, entrei no assunto depois de a marmelada estar passada e começar a ganhar ponto. Não descasquei os marmelos, não os fui pesando, descascados, até 1 kg, não medi igual peso de açúcar, não pus tudo num tacho a cozer com um fundo de água, não passei os marmelos com a varinha, não fiz nada do que é chato.

A partir daí, entretive-me a mexer o tacho, à espera de um ponto mais puxado (87ºC ao nível do mar, 85ºC aqui). Somara-lhe entretanto 120 g de passas moscatel para irem amolecendo, incharem e darem um melhor corte depois da marmelada feita. Quando atingi aquela temperatura, adicionei 80 ml de vinho do Porto com cor (D. Antónia, da Ferreirinha) e voltei a procurar o ponto, o que demorou pouco.

Nessa altura, já me tinham britado 100 g de miolo de noz. Conforme a imagem mostra, pus na tigela uma primeira camada de marmelada com passas, a noz por cima, mais uma camada com passas e, a tapar, uma outra sem nada.

Isto foi ontem. Hoje, sem a marmelada estar assente, não resisti e estreei uma tigela para ver. Estava ainda demasiado branda, como é óbvio. Tive de a cortar cuidadosamente, com uma faca de serra de dentes finos e pequenos (a da imagem no topo), como se a faca fosse uma serra, já que fazê-lo com uma faca normal (afiada, de gume) as passas e a noz não dariam corte, esfarelavam-se do doce por este ser pouco firme. Com tempo em cima, a marmelada ganhará consistência e fatiar-se-á com maior facilidade.

Aproveitei mais uma vez a ideia do vinho do Porto da receita de marmelada da LCC do Cinco Quartos de Laranja, adicionando porém o vinho quase no fim (julgo que deste modo se retém mais o seu sabor). No restante, foi diferente porque aqui em casa a fazem diferente, sem casca, muito embora eu a preferrisse mais escura como a da LCC. A culpa é minha, claro, que nunca me interessei pelo arsenal de tigelas de marmelada que se junta por esta altura e que dá para todo o ano. Talvez o meu desinteresse tenha a ver com o assunto da coerência com que abri esta entrada...

De meu, só as passas, as nozes e o momento de misturar o vinho do Porto. E em vez de ser uma marmelada para se comer no pão ou entre duas bolachas, passou a ser uma espécie de sobremesa, que sabe a marmelo, porto, passas e nozes, bastante agradável, sim, mas de um modo nem melhor nem pior. Diferente.

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5 Comments:

At 5/11/06 16:36, Blogger Laranjinha said...

Avental, quando é que manda uma tacinha cá para Lisboa? Está com um aspecto!
As passas e as nozes parecem-me uma excelente ideia.

 
At 7/11/06 14:12, Blogger avental said...

Provei-a ontem à noite e cortei-a com uma faca de mesa, daquelas dentadas de carne, e deu um corte perfeito das passas e da noz. E continua a saber a vinho do Porto e, curiosamente, a passas. As nozes só quando se comem.

Uma tacinha não dá, fiz três tigelas e a da imagem está só a um quarto. Mas que lhe mando uma bela fatia, isso mando. É só enviar-me o e-mail para onde a quer, que lá vai ter, bem embalada e sem pagar portes :)

 
At 21/11/06 11:42, Blogger Ricardo António Alves said...

Fizemo-lo cá em casa, e ficou delicioso. Obrigado.

 
At 22/11/06 00:51, Blogger avental said...

RAA, essa é a razão de este blogue existir. Partilhar o que se vai descobrindo.

 
At 5/8/07 15:29, Blogger Clara Gomes said...

UM! parece muito bom!
pena eu não ter os famosos marmelos
vou tentar com bananas
será que ficam bons?
aqui tem muitas bananas no meu quintal
Esqueci de dizerque sou portuguesa aqui no Brasil, gosto muito de visitar esse site de receitas portuguesas .
Beijos a todas-e todos..Clara

 

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