Uma sopa de mexilhões
O curioso é que as sopas que mais tenho gostado de imaginar e realizar são de peixe ou de marisco, modificadas de outra sopa, feitas baseadas num prato de garfo e faca, inventadas, com o devido desconto que, nas coisas de cultura, nada é invenção pura. Aqui, o termo cultura tem o seu significado mais amplo, a cultura da alimentação, que se insere na dos costumes, os do nosso país e de países alheios que conheço, os livros que vou folheando, as voltas pela blogoesfera, o googlar pela Internet
Isto a propósito de a ideia base para esta sopa me ter ocorrido da fideua e da paelha, que conheço bem de restaurantes espanhóis, em trabalho e em férias, e de as fazer. Pensei que sairia bem e diferente uma sopa tendo por suporte os temperos da paelha, mas, como a fideua, com massa e só de marisco e peixe (neste caso apenas mexilhões).
Para quatro pessoas:
Um tomate maduro e mais que médio
Meia cebola picada
1 alho francês cortado às fatias
1/3 de pimento verde partido aos pequenos pedaços
2 dentes de alho esmagados com a casca
Sal
½ colher de sopa de pimenta preta em grão
Azeite
1 quilo de mexilhão mais ou menos (uma embalagem de rede)
Ervilhas congeladas, duas mãos mal cheias.
Massa semelhante à que se vê na imagem (a que empreguei é italiana) – 100 gr
Salsa
1/2 pimento vermelho assado e pelado, cortado às meias tiras
Salsa picada
Pó amarelo para paelhas e para a caldeirada de enguias de Aveiro (não é açafrão das Índias nem gengibre amarelo). Penso que seja corante alimentar amarelo. Não se escandalize. Não há bolo de pastelaria, que leve ovos, que não o tenha, do creme à própria massa, e o pão-de-ló tão amarelinho da Páscoa, se leva os ovos que deve, não dão cor como a de outrora, quando havia galinhas pelos quintais e capoeiras, a comer ervas e farelos com couve.
Ponha azeite a cobrir ligeiramente o fundo da panela. Refogue a cebola e o alho francês, até aquela ficar transparente, mas nem sequer dourada. Nesta altura, adicione o tomate partido aos bocados, sem lhe tirar a pele e as sementes, o alho esmagado com a casca, o pimento verde partido em pequenos pedaços, a pimenta preta em grão (sem a moer).
Com a panela tapada, deixe estufar em lume mínimo. Junte um gole de água sempre que precise. Lembre-se de que um gole é coisa pouca, se for 30 ml não andarei longe.
Leve os mexilhões a abrir em lume forte, sem barbas e lavados, num tacho tapado e seco. Mal abram, desligue-os, mude-os para um recipiente com a água que largaram e esqueça-os.
Ponha as ervilhas num recipiente de plástico, deitando água a ferver sobre elas, e leve-o ao microondas por três minutos. As ervilhas devem ficar sobre o rijo, mas cozidas e verdes (a qualidade das ervilhas é variável).
Deite a massa em água a ferver com sal e um pouco de azeite. Ao fim do tempo de cozedura indicado no pacote para massa al dente, retire-a para um coador e passe-as por água fria.
Vá vigiando o estufado. Retire os mexilhões da casca e decante a água que deixaram. Meça e complete o 1,2 l com água. Deite sobre o estufado, deixe levantar fervura em lume forte. Tempere com sal só agora. Depois mantenha o caldo a fervilhar por 15 m.
Coe o caldo por um passador chinês, medindo de novo o 1,2 l para outra panela, espremendo bem o que fica no passador do estufado. Se for necessário, complete com água aquele volume. Leve ao fogo de novo. Adicione o pó amarelo. Deixe levantar fervura. Rectifique de sal. Adicione o miolo dos mexilhões, a massa e as ervilhas ao caldo coado. Desligue. Ponha a sopa nos pratos, primeiro com uma escumadeira, dividindo os sólidos, e depois o caldo com a concha, completando os pratos. Enfeite-os com as tiras de pimento vermelho e um pouco de salsa picada. Peça que lhe ponham a sopa na mesa. Já terá trabalhado que chegue se a fizer.
Etiquetas: Criações - sopas
2 Comments:
O Pó amarelo de que fala é memo corante alimentar próprio para as paelhas. Aqui em Portugal creio não ser muito fácil de encontrar (pelo menos aqui nos meus lados), mas do outro lado da fronteira é mais do que comum. Antes de o descobrir bem me perguntava como ficavam aquelas paellas tão amarelinhas só com o acafrão das indias!
Em resposta ao seu comentário no meu blogue, devo dizer que o meu licor de cerejas está bem guardado no escuro do meu armário dispenseiro,e está muito bem: no ponto de açúcar e com as cerejas carnudas e vermelhas!
E quando experimentar a salada de tomate e queijo fresco diga-me qualquer coisa... Gostava de saber o que achou.
Eu sabia :) Foi por causa dos biológicos fundamentalistas :)
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