Perninhas de Rã ("Rã numa Caixa")
"Seca-se uma rã ao sol, dependurada, e, passado algum tempo, quando se tornou completamente negra, as pernas são comestíveis. Mas se eu colocasse uma rã morta, ou mesmo as pernas de uma rã morta numa caixa cheia de gordura de ganso, tendo retirado todo o ar do seu interior e selasse em seguida a dita caixa, mantendo-a fechada durante doze meses, será que essa rã morta mereceria ainda ser comida? E se eu não tivesse um abre-caixas, como é que o poderia dizer? O homem prudente pendura ao sol a sua rã morta."
Desenho e texto in Notas de Cozinha de Leonardo da Vinci. Organização e extratextos de Shelag e Jonathan Routh, Terra Mágica Editores, 2005.
Etiquetas: Leituras sobre cozinha e outras
16 Comments:
reconheço o meu preconceito... :-p
Hahaha! Desculpe rir, mas é engraçado!
Taí um livro que deve ser bem divertido. Tudo bem com vc? Passou bem o fim de ano? Um grande abraço e ótimo 2007!
Na minha juventude comi muitas vezes pernas de râ. Fritas, estufadas, da maneira que o Ti Carona (Alentejano) as cozinhasse. Caçavamo-las, não com a armadilha do Leonardo mas com trapos vermelhos na ponta de canas. Hoje seria incapaz de repetir essas aventuras gastronómicas. Cobra também experimentei, acidentalmente.
Adoro perninhas de rã "á l'ajillo".
Fiz ontem a sua conserva de lombo de porco. A carne quando foi para dentro dos frascos estava óptima.
Pus dentro de cada frasco uma vagem de piri-piri.
Talvez só fique com um bocadinho de picante.
Cumprimentos.
JB, só comi uma vez comi perninhas de rã, ainda em estudante. Foi em Évora e sabiam a lulas :(
Mestre, é curioso como as coisas se repetem e como assim se confirmam. Também eu apanhava desse modo as rãs em miúdo, a uns quatrocentos ou mais km do seu sítio. Às vezes conto isto, e as pessoas não acreditam. O certo é que elas saltavam para o pano vermelho. Deve ter tido como eu uma bela infância, cheia de pássaros, ninhos, rãs. Ainda agora, eram 8 da manhã, vi um pisco de rabo ruivo no ramo de uma figueira e me lembrei desse tempo.
Rãs seria das últimas coisas que comeria. Gosto delas, mas de as ouvir e ver.
Têm-me falado em canja de cobra, nem com uma nota daquelas lilales aviava meio prato dela, arg!
Lara, o livro é muito curioso, e a irreverência de Leonardo da Vinci ainda mais :)
Damelum, bola de rã é que não, coitadas das ranitas, como se diz no Alentejo :)
Logo piernitas de rana al ajillo, Marta? É por isso que o mundo não se tomba :)
Pôs piripiri nos rojões? Ai, meu Deus! :))
JB, que vinho aconselharia? Um encruzado da Quinta de Carvalhais? :)
Pôs piripiri nos rojões?
E quem sabe, Avental? Não há nada como experimentar e às vezes é de pequenas alterações que nascem grandes receitas. Na próxima vez, ponho dois ou três de lado e acrescento não piripiri, antes um tudo nada de pimenta preta.
Eu tenho uns amigos brasileiros que espremem limão por cima do leitão. E eu também 'Ai, meu Deus!', mas eles dizem-me que no Brasil (ou pelo menos na zona deles, não sei) é assim que o apreciam.
Mirtilho, o Ai meu Deus foi porque acho que os rojões de conserva têm um gosto muito particular, que é, a meu ver, o que os torna tão bons. Fazem-nos tradicionalmente só com sal, e assim os faço também. Creio - creio - que a adição de outros temperos esconderá alguma coisa desse sabor original que os torna únicos e, em minha opinião, melhores que o celebrado confit de canard francês.
Céus, que máquina diabólica e perversa!... ;)
Tem o seu quê de cómico e de maldade infantil, Cinderela :)
Estou neste mesmo a pesquisar uma receita para cozinhar pernas de rã
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